(Escrito em: 23 de novembro de 2016)
Ah, como eu queria
Que a paz religiosa
Me convencesse
E assim eu vivesse
Doutra maneira.
Sem essa necessidade
De tentar compreender,
Do juntar os pedaços
Desse resto de tecido
Vivo e comprimido
De matéria e de caos.
Ah, como desejaria
Que o relacionamento entre nós
Fosse além da conveniência,
Mais que afeto social
Para suprir a própria ausência,
Meu vazio existencial.
Ah, se não houvesse significado
De buscar a razão
Para o inverso, o outro lado,
Mas eu não vivesse à vontade,
Não habitasse na necessidade
De tentar se desvendar.
Ah, mas se os versos proseados,
Falados e pensados,
Escritos estruturados,
Muitas vezes até errados,
Fossem além do ódio
De tentar achar um álibi
Que condene o condutor,
O expositor idealizador
E que o faça definhar.
Ah, como se os dias
Fossem apenas mais cumprimentos,
Papéis ao relento,
O foco do além no momento,
Desvendando o embaraço,
Desamarrando esse laço,
O qual não parou de sufocar.
Ah, mas se o saber
Fosse o pilar único intermitente.
Qual será o seu ventre?
Donde partiria à dúvida?
A monotonia da serenidade
Ou a perturbação da indecisão,
O fardo que minha razão
Jamais há de desvendar.