(Escrito em: 23 de dezembro de 2016)
“O que pode levar uma pessoa a ter um momento de raiva que gere um descontrole?”, é o que eu estou a me perguntar nesse momento, um desabafo pode ser tão insuportável, mas muitas vezes é necessário. Esse descontentamento já é algo que está há tempos sendo acumulado e ao ser irritado teve hoje o estouro, o estopim chegou ao fim e liberou verdades ainda desconhecidas e revelações, não percebemos muitas vezes como algo que para nós é tão divertido e para outros é tão insuportável ao ponto de magoar aos poucos ou de gerar desconforto diário.
Nunca neguei as minhas burrices, meus erros sempre foram encarados de maneira a serem combatidos ao invés de ignorados como fruto da naturalidade da ocasião, mas errar? Errar é tão controlável assim? Creio que não, algo que supera minha potência de controle e depende de todo um processo externo não pode ser extinguido. Apenas nos preparamos para que quando batermos de frente com a sombra tenhamos uma lanterna para passar pela viela, mas mesmo assim há dias que a noite cai cedo e nem sequer a lua aparece para iluminar um pouco nosso caminho, mesmo ela roubando a luz doutro astro, mesmo sua luz sendo falsa, já seria o suficiente para guiar nossa travessia.
Mas meu chefe não tinha essa visão tão conceituada de errar. Maldito momento em que eu digitei um dado de valor na coluna à esquerda da correta, maldito dado que modificou toda uma cadeia de cálculos, maldita vida do revisor que passou deixou tal ocorrência passar, maldito software que permitiu tamanha protuberância em local desnecessário.
Enfim nada disso importava para o meu chefe, apenas acionei a tecla errada, mas fiz um grande estrago ao financeiro, se notado na mesma hora nada causaria, se notado no dia seguinte pouco aconteceria, mas se notado na próxima quinzena, ah, algumas centenas de dinheiros poderiam se perder…
Nosso tempo é algo um tanto quanto incerto, por mais que saibamos que os ponteiros do relógio se movem sempre no mesmo tempo (sendo que até isso já foi contestado por alguns cientistas) parece que muitas vezes o tempo custa a passar, ou que estamos perdidos num tempo que não deveríamos estar, fazer o que? Rezar? Implorar? Na maioria das vezes é impossível retornar ao que um dia já foi um momento feliz, nos baseamos muito na experiência para construirmos nossas definições de momentos felizes, por isso nos maltratamos, a felicidade não é algo demarcável, é apenas uma sensação que ocorre e te faz bem, ao contrário dela há o vazio. O vazio espiritual é a pior das sensações, esse vazio causa a perca da vontade de seguir em frente e a desmotivação para exercer inúmeras tarefas simples rotineiras.
Com isso temos a felicidade por nós definida sendo afetado pelo mundo externo, esse macroambiente nos afeta duma maneira que pode assustar ou traumatizar, nunca estamos preparados para dor, porém quando já vivemos dor parecida conseguimos superar mais rapidamente os ocorridos.