Prólogo dum Livro Não Terminado

(Escrito em: 1º de fevereiro de 2016)

O dia se inicia e sem perceber você estava dentro dum lugar diferente de tudo aquilo que já vira e vivera. Você olhava dum lado para outro e não via ninguém que conhecia e nada que se assemelhava àquilo que você tinha. Você pôde enxergar ao seu redor, porém não fazia ideia donde vinha a luz que lhe iluminava.

As paredes tinham uma cor sólida a qual você nunca tinha visto, não eram exatamente um alaranjado nem sequer um vermelho ou um amarelo, mas você sabia que era algo diferente daquilo que as pessoas costumavam gostar, uma cor perturbadora para aquele momento.

Não havia teto, entretendo também não dava para ver o céu, era como se você estivesse num lugar jamais habitado antes, onde apenas pequenos pontos multicoloridos eram possíveis de serem avistados quando inclinava sua cabeça para cima.

As paredes do local não eram bem estruturadas, tinham uma forma difícil de definir, cheia de curvas, pontas e lados. O lugar tinha um espaço limitado e parecia não haver saída, sendo que essas paredes se uniam ao seu redor num formato oval, apenas para cima era possível observar algo diferente, muito acima do que você poderia escalar para sair dali, pois aquelas paredes subiam numa altura incalculável, não era possível ver o fim delas, mas você sabia que havia fim, pois, ao concentrar seu olhar para cima pôde notar um resquício do céu, o que você imaginava ser um céu.

Não haviam objetos familiares naquele local, a cor que lhe atormentava estava presente em quase tudo, o chão não era como as paredes, era mais plano, irritantemente plano, sem defeito algum. Era como se um grande cilindro amassado sem ponta superior lhe rodeasse, onde o chão era plano e o céu era pouco passível de sua visão. A cor do chão era a mesma das paredes, porém era como se houvesse um reflexo ao olhar para ele, mas quando você olhava não conseguia ver a si mesmo. Não conseguia de maneira alguma ver naquilo que era refletido semelhança consigo mesmo ou com qualquer outra coisa que estivesse ligado à sua vida, ou melhor, à sua antiga vida, pois você pressentia que aquilo não era apenas um sonho e também tinha a impressão de que não iria acabar tão cedo.

Quando se pôs a olhar novamente o chão, percebeu que estava esparramado sobre ele, como se estivesse temendo uma queda ou algo do tipo, mas era o reflexo daquilo que mais chamava-lhe atenção.

Naquele lugar havia apenas mais uma coisa, um objeto pontiagudo não muito comprido de um brilho fascinante que lhe perturbava os olhos quando você tentava concentrar sua visão para obter mais detalhes. Chegando mais perto percebeu que o objeto se assemelhava com uma adaga, quando passou seu dedo sobre o fio surpreendeu-se com tamanho corte o qual havia sido feito, além da grande dor que pareceu tomar seu corpo pela talha.

Aquele lugar não lhe confortava de maneira alguma, tinha algo ali que você temia, um temor profundo que mexia de uma maneira insuportável no seu subconsciente, porém você não sabia o que poderia ser a fonte-raiz para esse medo. Talvez fossem as paredes daquele local que não tinham arquitetura alguma e nem sequer sentido lógico para aquilo, fosse como fosse pareciam moldadas, porém você não conseguia entender de forma alguma como alguém poderia fazer aquilo e qual era seu propósito para tal.

Você nem sequer imaginava que não era alguém que moldava aquele lugar, mas algo.

Algo tão poderoso que você não compreenderia sem antes entender o porquê daquelas paredes, da adaga e do reflexo no chão.

Num lapso de tontura você deitou-se sobre aquele chão e teve a impressão que tudo rodava como se estivesse num liquidificador. Quando você fixou os olhos com vontade de entender aquilo a sua mente levou você à uma viagem.

Uma carta de lembrança,
Lou.