(Escrito na data de postagem)
Comumente vemos e ouvimos casos de depressão e ansiedade, não é anormal ter alguém muito próximo que sofra de algo do tipo, doenças invisíveis com tratamentos complexos e variáveis.
Afinal de contas, por que diabos o século XXI abriga essas doenças em grande porcentagem, algo muito menos visível em épocas anteriores?
Segundo o estudo Depressão ao longo da história de Thaís Rabanea de Souza (Doutora em andamento em Psiquiatria e Psicologia Médica) e Acioly Luiz Tavares de Lacerda (Doutor em Ciências Médicas):
O termo depressão é relativamente novo na história, tendo sido usado pela primeira
vez em 1680, para designar um estado de desânimo ou perda de interesse. Em 1750, Samuel Johnson incorporou o termo ao dicionário.
Nota-se que o uso do termo e sua inserção no dicionário ainda não se referem à doença, mas a um comportamento, a depressão que conhecemos é o Distúrbio Depressivo Maior (DDM), logo a datação do século XVIII ainda é um tanto mística. Com o passar dos anos houveram inúmeras discussões entre médicos e pesquisadores para firmar o que seria a doença depressão e distingui-la da melancolia, nota-se que inúmeros tratamentos foram aplicados, alguns métodos foram extinguidos como a leucotomia em casos de depressão severa, logo mesmo que o mundo conhecesse o que é a depressão, ainda assim não sabia tratá-la da melhor maneira.
Deixo ainda um questionamento quanto à depressão:
Nos últimos séculos, principalmente a partir do século XX houveram inúmeros tratamentos e estudos sobre as doenças mentais, a depressão foi uma que sofreu diversos tipos de análise que foram moldadas e mudadas para chegarmos aos tratamentos terapêuticos e psiquiátricos modernos, ainda assim se olharmos para trás vemos coisas sem sucesso que foram utilizadas até poucos anos. A questão que fica é: será que os tratamentos e remédios que utilizamos para tratar essas doença são realmente eficientes ou apenas acreditamos nisso por haver um apoio de órgãos mundiais de saúde e medicina que “garantem” a eficácia desses métodos e drogas?
A questão anterior é reflexiva, caso procure apoiar ou não os tratamentos modernos acharão razões para ambos os lados, como um bom cético gosto de me questionar quanto a tudo, isso não ficaria de fora. Eu já fui diagnosticado com ansiedade e depressão, mas como esse texto não é para discutir meus sintomas nem filosofia de vida, sigamos em frente com o raciocínio e caso queira saber mais a respeito do que penso sobre meu diagnóstico e sintomas favor ler o texto Meus Sintomas.
Então continuemos, caso faça-se uma breve procura por depressão nota-se que a doença é classificada como “muito comum”, contudo essa doença não é tratada há muito tempo, logo chegamos num paradoxo intrigante: Como uma doença pode ser tão disseminada se seus registros mais completos datam o século XX?
É algo muito comum entre as pessoas mais velhas, ouvir algo como “A depressão não existia no meu tempo“, creio eu que possamos chegar a dois pensamentos primários ao analisar o paradoxo e a frase acima, são eles:
- A depressão é uma pandemia que afeta mais de 300 milhões de pessoas;
- A depressão é algo que sempre ocorreu, contudo foi algo ignorado por séculos.
Ao analisar esses pensamentos creio que exista verdade em ambos, a depressão sem dúvida é uma pandemia, contudo não é tratada como tal, pois nem sequer sabemos como diagnosticar de maneira tão rápida e precisa, já que não existe uma “vacina” ou grandes métodos de prevenção é complicado impedir o surgimento de novos doentes. Também é correto dizer que ela é uma doença que “sempre existiu”, porém nos séculos mais antigos não haviam maneiras para tratá-la e com isso os doentes tinham agravamento severo em seus quadros, eu acredito que a depressão não seja algo que existe desde a pré-história, porém acredito que ela surgiu pouco tempo após nossa racionalidade e convívio social, com isso pode ser considerada uma doença milenar. Os tempos modernos com toda certeza nos estimulam a desenvolver essa doença, aplicando altas cargas de aprimoramento, mostrando que sempre devemos alcançar mais e mais, fazendo com que o erro seja algo repugnante, desestimulando a maioria e idolatrando super-humanos.
O que infelizmente existe demais são pessoas que por alguma tristeza acreditam ter depressão, por algum episódio de desconforto para com o futuro acreditam ter ansiedade, com toda certeza a depressão e a ansiedade são eventos que ocorrem com todos, contudo para que esses eventos gerem uma doença devem acarretar diversos outros sintomas e serem duradouros, o que deve ser combatido é esse “fetiche” em relação às doenças mentais, onde qualquer indivíduo por problemas (coisas que ninguém tem, né?) acredita ter uma doença. Outro item importante é o investimento em educação superior que impeça profissionais sem qualificação nas áreas de psicologia e psiquiatria, vermes estes que muitas vezes fazem os pacientes acreditarem ter uma doença para aplicarem falsos tratamentos altamente longos e custosos.
Alguns links úteis:
Depression – World Health Organization
Depressão ao longo da história