O Deus que Vive – Escrito por um Agnóstico

(Escrito na data de postagem) 

Cá estou eu mais uma vez escrevendo numa madrugada sem sono, a belíssima ideia de dormir ao fim da tarde nunca vai favorecer a regulação do meu sono, contudo sinto que seja difícil evitar algumas vezes… Ainda assim creio que mesmo perdendo algumas horas de sono e as encaixando noutros horários pode ser algo interessante desde que surja algo minimamente útil, pois bem, não sei se meu blog é algo tão útil assim, porém acredito que a utilidade da produção de algo mesmo que satisfaça apenas um desejo egoísta pode ser altruísta se direcionada a críticos construtivos…

Estava eu ouvindo algumas músicas “gospeis”, sim, o que indica que tenho meus dias de escutar coisas diferentes, mas não imagine as músicas casuais desse gênero, eu ouvi duas ou três músicas que considero do gênero gospel por serem cantadas por padres, contudo, elas não falam de Deus, só as acho bonitas pela lição social ou o encaixe das palavras, já as músicas de louvor em si, não aprecio.

Acredito que em alguns momentos conforme o mundo nos afeta, tomamos decisões mais ou menos agressivas, momentos felizes, por exemplo, tendem a trazer bom humor e otimismo, assim como os tristes trazem o contrário. Claro, isso não é uma regra, mas normalmente tende a seguir uma linha devido ao tipo de influência, com suas exceções, obviamente. O que quero dizer é que o universo nos influencia a cada instante, assim nalguns momentos em que fazemos algo fora do nosso cotidiano e costumes tendemos a ser influenciados duma maneira que fiquemos questionados, isso pode levar a artefatos reflexivos bons ou ruins.

É importante que nos indaguemos de tempos em tempos, o dia a dia nos muda e isso ao passar de meses e anos pode fazer com que mudemos de opinião em temas que sempre concordamos, assim como podemos nem sequer ter uma opinião concreta em determinados assuntos e ao explorá-los acabamos por seguir uma trilha de pensamento diferente, é a mágica do entender-se.

Questiono radicalmente aqueles que se acomodam em seus tronos de neurônios anticeticistas e jamais pensam em mudar de lado (ou se quer se questionam), mal sabem essas pessoas que o nosso inconsciente não está ligando se contradições fazem ou não sentido, com isso acabamos no fundo de nossas mentes gostando e odiando a mesma coisa em circunstâncias similares, não tentar entender o porquê de gostarmos ou odiarmos incondicionalmente algo nos faz sofrer sem saber, já que provavelmente dentro de nós estamos apenas repudiando pensamentos e impedindo sentimentos, transformando nossos conflitos em um câncer.

Com isso ao estar ouvindo uma música diferente comecei a me questionar quanto à visão que tenho de Deus e das religiões cristãs, pois bem, faz algum tempo que me tornei agnóstico, não que isso tenho vindo duma hora para outra, acho que foi mais uma percepção que tive do que eu havia me tornado conforme alguns anos de mudança de pensamento.

Houve uma época que cheguei a odiar a ideia de deus ou deuses, simplesmente não fazia sentido algum em minha cabeça, ainda assim meu ceticismo não permitia descartar a ideia de que algo poderia existir, mais tempo se passou e apenas adotei a melhor definição de agnóstico que eu vi: “não podemos provar que Deus existe, nem que ele não existe, logo não há razão para perder tempo com isso”. Eu acredito mesmo nessa definição, já que não podemos provar cientificamente e a fé em si é algo pessoal e incerto, então deixei de ficar me questionando sobre isso, apenas comecei a reparar como é engraçado os ateus brigando com os religiosos, por fim os radicais são chatos em ambos os lados.

Eu acho muito interessante a ideia de que “Deus está morto” retratada por Nietzsche, por fim a ideia ali não é dizer que Deus não existe, mas que ele existiu apenas em nossas cabeças e nós mesmos o matamos através das mudanças de valores. Caso alguém queira se aprofundar pode ver esse excelente vídeo da entrevista dada por Scarlett Marton feita pelo canal “Quem Somos Nós?”, os apressadinhos podem pular para o minuto 16 do vídeo que irá falar a respeito. O Anticristo, livro de Nietzsche também pode ser uma fonte interessante para questionamentos.

Ainda que Deus esteja morrendo é interessante pensar que muitos ainda acreditam nele, embora a fé possa ter mudado o costume dessas pessoas com o tempo e a crença que um dia foi seguida a risca não seja mais a mesma, persiste a ideia da existência de um Deus.

Posso citar inúmeras coisas que a religião faz que me deixam realmente estarrecido, a religião faz com que inúmeros cabritos justifiquem atos bizarros em Deus, façam atrocidades ou tomem pensamentos intolerantes por Deus.

Inúmeras coisas que por “culpa de Deus” são e não são feitas surgem em minha mente, algumas delas como:

  • O homem que se priva de experimentar o mundo por ter sido ameaçado, sonhando com um dia alcançar um outro mundo, deixando este de lado;
  • Pessoas que explodem lugares com a promessa de um dia atingir um paraíso;
  • A pessoa que não aceita o outro por sua diferença ser repudiada nalgum momento da Bíblia;
  • A recusa de um convite por conter algo “impuro” em alguma parte da celebração apresentada;
  • Crer pela fé na salvação ou pelo medo do fogo eterno?;
  • O dízimo nunca esquecido e tirado de inúmeros que pouco ou nada têm;
  • O impedimento de relações amorosas fora dos escopos definidos na religião, recusando um dos maiores instintos humanos.

Eu poderia ficar citando inúmeras coisas, contudo não é o intuito desse texto. O que consegui compreender com minha reflexão foi que o problema não é Deus, não existem milagres e mesmo que Deus exista nosso mundo tem o livre arbítrio, ele é regido por nós, logo a existência de Deus pode fazer sentido para muitos. Não há problema algum em acreditar, a existência de Deus em si não afeta em nada, a religião que afeta, a religião que determina o que deve e o que não deve, o que foi e o que será

Ainda que eu discorde com a religião, existe a boa religião, pode ser escassa, quase nula, mas ela existe. Por mais que eu não adote a ideia de privação por ela sugerida creio que quem a adota que tem o poder de fazer ou não o bem, no fim só o bem é o que importa.

Nada é mais puro que fazer o bem, a humanidade só existe porquê precisamos uns dos outros para viver e fazendo bem uns aos outros que progredimos. Por fins morais acreditar ou não em Deus é algo de pouquíssima importância, o que realmente importa é a similaridade dos valores a serem compartilhados. O que tem valor é a empatia para com o outro.

Se nalgum momento Deus esteve morto, vejo que ele nasceu de novo, talvez apenas como ideia, contudo um bom ideal, com valores importantes, mas claro, esse bom Deus existe para muito poucos, na cabeça da maioria ou não é preciso fazer o bem já que não existe nada além do egoísmo ou o Deus existente através de sua intercessão em fiéis mata a cada dia mais irmãos os quais havia prometido salvar.