(Escrito na data de postagem)
Lá vou a pé, como muita gente, que nem muito mané, vendo as cores das luzes que iluminam o centro, notando fatalidades em rápido movimento, este sou eu a pé. Vejo os grandes prédios e os seus formatos, altos, pequenos, arredondados ou mais quadrados, cada um com seu jeitão, um aglomerado de épocas numa só rua, um artefato banal, mas com postura.
A pé vejo os centros de compra e as avenidas, passo pelas praças e observo os becos sem saídas. Ando mais rápido ao ver um estranho suspeito se aproximar, arrasto o passo para a bela moça notar, com respeito e sem flertar, apenas olhar e imaginar no que aquela cabeça pequena está a pensar, seu mundo talvez nem esteja a girar…
Observo algo diferente e fixo um olhar por instantes, aqueles que me olham pensam que sou um desocupado qualquer, mas se o trajeto é longo e inevitável de que adianta não perder um minuto sequer? Quem sabe a paisagem reserve algo diferente, não acredito que venha um milagre, porém, talvez, quem sabe, uma reação simples contente. Nas pequenezas que estão as alegrias, já que deixar para viver apenas em momentos reservados pode causar grandes estragos pela tensão criada, melhor manter uma vida menos apropriada e sentir as coisas em seus instantes, viver de forma não tão obstante.
Caminhando assim gasto um pouco de energia, deixo um pouco de minha vida em cada lugar que passei, vendo diferentes coisas e pensando em novas possibilidades, a pé que vejo a complexidade da natureza expressa numa simples flor na calçada, revoltada o suficiente para crescer num mundo que lhe foi tomado. Bem, não sei quem tomará meu mundo, contudo, sei que o universo será diferente me tomando enquanto tomo as decisões que me cabem, espero apenas que as miudezas não se acabem.
Chutando pedras pelo caminho e observando o céu noturno, sinto a calmaria, diferente daquele mesmo lugar enquanto se passa o dia, como se o tempo tivesse sentimentos, a cada lapso uma nova configuração de incrementos e decrementos, jogando excrementos e lamentos, contudo, colhendo seus fragmentos e formando novos elementos.
Sem companhia e a pé que essas loucuras passam na minha cabeça, novas ideias para explicar ideais, tentando entender a razão do inconsciente, sozinho, todavia não ausente, acompanhado de pensamentos tão diferentes que se tornam alusentes às memórias que ainda vou viver.