Reflexão sobre Questionamentos e Devaneios na Época de Tumulto e Desespero

(Escrito em: 24 de junho de 2019)

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Poema de 24 de setembro de 2015

Certas vezes me questiono sobre o passado.
Coisas que aconteceram, que eu vivi.
Agora sou apenas mais um jovem,
Porém, não mais tão jovem,
Agora existem outros em meus antigos lugares,
Ocupando coisas que já fiz,
Sendo tristes ou felizes.

Sinto falta dos meus amigos,
Dos colegas de turma,
De uma galera,
De descontração,
De viver sem preocupação,
De sentir vontade e emoção.

As pessoas que escrevem aqui
São todas tão diferentes.
Somos em três
E cada um com a própria forma de dizer,
Umas vezes diretamente, 
Outras metaforicamente.

Saudades de ter inocência,
De ter calma, deitar-se sem medo do amanhã,
De ter problemas menores,
De jogar futebol com os amigos,
De conversar numa roda fútil.

Agora os dias são corridos,
Tudo é imensamente difícil.
A solidão me assusta,
Os amigos se foram,
Um amor se foi
E sou obrigado a aceitar isso.

Ah, como é injusta essa vida,
Queria fazer coisas de jovens,
Não se preocupar com o dinheiro,
Evitar esse desespero.
Voltar ao aconchego…

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Bem, embora eu veja a vida duma maneira meio caótica creio que sempre expressei o que sentia mais na poesia do que em “textões”, acho que por meio de poemas era mais fácil camuflar a dor e tornar isso “bonito”. Não num sentido de fetiche por depressão, mas de camuflagem por meio artístico.

2015 foi um ano foda, nunca passei tanto perrengue na vida, nunca chorei como naqueles dias… segundo e terceiro semestres da faculdade, eu já cheio de reprovas, demitido no tempo de experiência, muitas vezes sem ter o que comer, algumas vezes sentindo fome e não tendo 2,50 por RU. A bolsa da facul cortada, meu pai no avesso pra me mandar uma grana, relacionamento recém terminado, foda.

Tive ajuda dum parceiro na época que hoje está no mundão… as coisas mudam, não? Haja explicação…

Pouca gente sabe dos detalhes desse ano, fico triste quando algum amigo meu tenta me chamar nalgum momento de “privilegiado”, porra, nem parece que viveu comigo num passado… que nalgum momento dessa vida eu tenha sido desumilde? Que fita errada é essa?

Enfim, expor a dor pra adquirir alguns likes pode até servir de algo no momentâneo, pro inferno que eu faria isso, eu só estava postando minhas poesias, como fiz durante anos, esperando quem sabe que alguém notasse um pouco da dor e tivesse uma conversa mais cabeça.

Porra, eu tinha 18 pra 19, perdido nesse mundão, sem grana, sem muita gente pra pedir conselho, o espertão caiu por terra e sustentava um orgulho e uma raça que talvez não sejam interpretados como bons ou ruins, mas como escolhas com diversas consequências e ramificações sentimentais…

Claro que as coisas hoje tão melhores, claro que tá diferente, mas cara, o dinheiro até resolve algumas paradas, mas no fim das contas, que é preciso para se sentir bem?

Os parentes todos distantes, as amizades se dissipando, eu me tornando cada vez mais insuportável pra namorar ou algo similar… A solidão pode ser ruim, mas também pode ser boa, a dor está aí pra todos…

Meu pai enterrou meus avôs sem lágrimas nos olhos, reprimiu todo aquele sentimento… é foda, de que adiantou ser durão? Hoje sendo mais sentimental consegue ser a melhor versão de si mesmo…

Pro inferno com a ética, pro inferno com decisões, a vida é assim e cada um a interpreta diferente… Quanto tempo pra perceber que não importa o caminho, o fim é sempre igual.

Enfim, dá pra entristecer pensando nalgumas escolhas, nalguns acontecidos, mas levanto a cabeça e deixo um conselho pra quem tá dando pião errado e passando por fitas cabulosas: Tente se conhecer, procure conversar com pessoas diferentes, respire fundo quando a raiva vir, largue mão dos entorpecentes e seja mais presente na vida dos entes que nunca deixaram de te amar.

Referência Poética: Questionamentos e Devaneios na Época de Tumulto e Desespero