(Escrito na data de postagem)
Estou quedado a pensar que a cada dia que passa menos sei a respeito das ambições da humanidade, ou melhor, dos humanos.
Qual a diferença de dizer “humanidade” e “dos humanos”? Bem, isso é interpretativo…
A humanidade me parece algo uníssono, uma personagem sem ambivalência. Já ao falar de “humanos”, consegue-se expressar uma divisão, não dual, mas em amplo sentido, logo os “humanos” podem ter vontades distintas, diversas e conflitantes.
A humanidade me parece algo como alguém que responde por si só sem muita contradição, a humanidade é a espécie, a humanidade é o extinto mais primitivo do Sapiens, a humanidade é aquilo que mesmo “sem entender” sobre si mesma, faz-se de boba e governa o império da maior espécie terrestre.
Bem, talvez eu seja questionado d’algo como “tá, mas não é só uma mudança no jeito de falar?”
Sim e não…
Sim, no sentido que pode ser considerado apenas uma forma de expressão diferente, que muito possivelmente, interpretada doutra forma se trocada a língua ou linguagem em questão…
Não, no sentido de que para construir um tema é preciso criar uma dicotomia, assim modificando a forma de pensar.
Voltemos ao enquadramento, como uma espécie complexa como nós poderia ser expressada por uma forma não ambivalente? Simples, a humanidade só pode ser generalizada quando o tema é sua existência.
A humanidade nunca lutará contra si, mesmo que a moral ou a ética sejam revertidas, a humanidade há de sustentar-se, o primitivo do ser nunca será derrotado pelo mesmo ser.
Exemplo?
Olhe, se houvesse um grande astro vindo em direção ao nosso planeta, alguém, somente alguém, questionaria que a união de governos, empresas, intelectuais, plebe e patrícios, não se reuniriam para o bem maior? Seja o bem maior “subjetivizado”, seja o bem maior não tão claro…Lutaríamos por nós…
Certo, maaaaaaaas, entretanto, todavia, contudo, porém, que são “os humanos”? Estes são as folhas duma árvore que tem por nome “humanidade”, somos pequenos, somos iludidos com a inteligência, somos partes dum todo…
Como partes nunca vamos entender como a máquina funciona, uma engrenagem nunca saberá de forma prática como trabalha uma porca… Talvez sejamos apenas “imbecis personagens, molares das engrenagens…”.
Não estou dizendo que somos engrenagens… na verdade, também estou dizendo, somos engrenagens, porcas, correias, alavancas, defeitos e ideias… somos o conjunto da obra particiona, precisamos nos conflitar para que rearranjemos a cousa.
Nunca deixaremos de ser bélicos, jamais iremos parar de nos matar, conflitar e destruir, não há moralidade dentro deste mundo que caiba dentro dum sistema ético que molde o pensamento humano, não há ideologia neste mundo que há de mudar o pensamento de todos, não há amor, revolução ativismo, glória, honra ou sentido que fará com que nós, vermes ou ídolos, deixemos de definhar. Somos patéticos, somos persistentes, somos lixo moral, somos retratos de vida, somos pequenos, somos criadores, somos artistas, somos visionários, somos…
Contudo, o que nunca seremos, aquilo que almejamos, conquanto não há possibilidade de atingir… nunca seremos civilizados.
Somos resquícios duma cidadania falha, somos a cárie social que insiste em ser considerada importante, enquanto ignoramos o tumor que se instaura e instala. Acreditamos tanto na nossa importância que deixamos de ouvir o que mais importa, aquilo que mora no confim de nossa cabeça, peito e alma, a humanidade.
No momento em que esquecermos por completo nosso lado como espécie, será o instante que a maior dominação por um grupo cairá, este cataclismo chegará e logo, não haverá Deus, presidentes, milagres ou destino que resolverá tal problema.
Enfim, qual o problema?
Deixamos de entender que somos engrenagens da humanidade, contudo, a humanidade é parte doutra máquina ainda maior, chamada incógnita, digamos que essa incógnita seja como o vento, que não se vê, mas se sente… chame como quiser… O conjunto natural do universo extinguirá essa revoltante minoria chamada “humanidade” quando ela se voltar contra seu criador, quando ela achar que dominou o incerto, neste momento que tudo virá abaixo, seremos esmagados e esquecidos para sempre.
Eu desisto, não luto mais por uma ética ou moral, luto pela espécie, deixarei estes malucos se matarem e caírem um a um. “Vou vestir a minha sombra”, como diria Marcelo. Quando o mundo precisar, e se, precisar, estarei aqui, mas não defenderei mais nenhuma bandeira, não estamos lutando pela humanidade, estamos lutando por interesses mesquinhos, talvez a solução seja deixarmos de existir.
Deixei de ser ativista.