(Escrito em: 8 de Outubro de 2019)
Esconda-se na sombra do acaso,
Amarre mais forte este laço.
Irá deixá-lo aí nesta viga?
Se ela romper será coisa boa
Ou apenas sua inimiga?
Mais psicose à vida.
Afie com carinho este gume,
Arraste com frieza sem pensar.
Quer resultado ou destaque?
Tem coragem mesmo de terminar?
Será tempo até drenar vermelho,
Então estará através do espelho.
O vento é mais forte daí de cima.
A indecisão que era vista com estima,
Agora é como vírus que contamina.
Olhe para os carros lá embaixo
E a rapidez que trafegam sem hesitar.
Saindo daí de cima pouco resta,
Com sorte só o primeiro sentirá.
Olhe a redoma do seu ego.
Toque as paredes imaginando,
Há mais pranto pelo que causou
Ou mais dor por autopiedade?
Arrepender-se é algo tão covarde?
Então se fechar, apenas, talvez,
Mate aquilo que tarda, mas invade.
Por apenas um fio agora se encontra,
Esperando o eterno momento passar.
Respirar fundo mais traz a angústia,
Não há volta pra quem deseja errar.
Uma alma a menos vagando por aqui,
Crianças com dezenas de ciclos
Tem mais a aprender que a dizer.
No retorno terá que refletir um tanto,
Por mais que deixe notar o pranto,
Ainda que se esconda sob meu manto,
Não há mais tempo para encanto,
Passaram os anos de acalanto.
A dívida por sacrificar o íntimo
Será nele em pior estado retornar,
Até que o tempo se torne abstrato
E compreenda que de si mesmo
Nem minha fúria poderá lhe libertar.