(Escrito na data de postagem)
Menos sabemos de nós quanto mais sabemos de nós.
Com esta frase um tanto quanto confusa começo este texto, talvez seja mais uma sequência de ideias que vão lhe fazer perder tempo, já que repensar algo e tentar novas formas de raciocínio não passa de tolice, quem sabe nem valha a pena terminar este texto.
Pois bem, agora que já espantamos os paspalhões que criticam a reflexão, prossigamos…
É interessante como o pensamento crítico cada vez mais é visto como algo bonito, honroso, digno de pessoas determinadas e inteligentes… contudo, qualquer linha de pensamento que force a pessoa a questionar valores, ideias e conhecimentos adquiridos tomados como “verdadeiros”, faz com que os grandes entendidos se estressem e caiam fora alegando que o interlocutor “viajou na maionese”.
Não sei se o crescimento da arrogância faz com que se pense adquirir mais conhecimento com menos estudo ou apenas sou um tanto paranoico ao julgar aqueles que tanto me julgam. O fato de eu não querer ganhar dinheiro com que faço, não alegar certeza em minhas conclusões, não prometer algo e não me apresentar como cujo tal detentor de toda sabedoria, talvez faça com que meus debates fiquem menos interessantes ou considerados fúteis.
Ao ler textos meus que não sejam de viés poético se perceberá que uso de muitos “talvez” e “quem sabe”, se assistirem meus vídeos, concluirão que minha incerteza parece muitas vezes ser maior que o conteúdo que quero passar. O quanto esta incerteza já me prejudicou é algo que não consigo mensurar, mas digamos que talvez eu saiba a razão, ou razões, de não conseguir acreditar em meu próprio conhecimento de maneira a ser totalmente imperativo nas expressões, bem… talvez.
O fato de ser cético faz com que eu questione tudo que é dito como verdade, isto também é o papel dos “do-contra”, que questionam tudo. Ainda que seja melhor muitas vezes ser visto como “infeliz” do que como arrogante.
O ceticismo me levou ao agnosticismo, coisa que nunca imaginaria ser (se pensado há uns tantos anos atrás). Claro que qualquer pessoa muda de opinião, este não é o problema. A grande questão é: Quão prejudicial é não passar predominância plena sobre o abordado?
Nessa contemporaneidade é cobrado certeza, veemência, decisão, opinião forte, ideais completos… Ao menos tempo cobra-se empatia, relações inter-pessoais desenvolvidas e boa convivência com todo o arredor. Um tanto conflitante não?
Nunca irei confiar em ninguém que demonstre total certeza e passe sua mensagem de maneira a impor algo, odeio ter certezas e odeio ainda mais a arrogância. Claro, tenho que respeitar um professor ou palestrante ao construir sua linha de raciocínio, isto é mais que necessário para a comunidade, porém se o cujo tal não permite questionamento e não dá contra-argumentos… daí fica complicado.
Sempre me subestimei demais, não que eu seja uma grande pessoa, mas nunca apreciei cargos de grande escalão por serem papéis em que palavras devem ser omitidas para evitar desagrado. Ainda que em certos momentos eu pudesse lutar por tais cargos, não o fiz ou cultivei desinteresse, o que mais me tortura é gostar de liderar e atuar por meio das palavras.
Líderes devem dizer o que pensam com veemência, mesmo que sejam manipulados a dizer aquilo, menos que tenham dúvidas a respeito da conclusão. Não existem bons olhos para enxergar questionadores, mas pessoas com o domínio do assunto. Contudo ninguém tem domínio total de assunto algum.
Quanto mais você procurar saber sobre si mesmo, mais incógnitas irá concluir, não que isso seja um problema. Saber da própria ignorância é algo um tanto quanto interessante, o problema é não ser capaz de entender certas áreas da psiquê, isto é angustiante.
Um médico dá seu diagnóstico com base em tudo que sabe a respeito da situação, claro que existem influências diversas que tentaram o ajudar, mas no fim das contas, a decisão é gerada a partir do conhecimento que se tem até então.
Suponhamos que todas as patologias sejam chamadas de N e sejam um número finito. Talvez saibamos 10 ou 20% delas, dessa porcentagem uma menor será derivada referente às patologias que sabemos tratar, ainda que esses números sejam discrepantes, temos uma certeza: não sabemos todas as patologias, logo, não teremos assertividade plena sobre a decisão tomada. Claro que em outras áreas este exemplo será diferente, contudo a ideia se mantem: tomamos decisões com base no conhecimento que possuímos.
Saber que não sabe algo traz desconforto, desconfiança, medo, falhas… Por isso a maior parte das pessoas mal conhecem seu desconhecido, não o desconhecido em si, mas o fato de haver um desconhecido. Quanto mais se estuda algo, mais saberá quanto não sabe a respeito. Esse fator de instabilidade cria algo dentro do ser que faz com que sua veemência seja questionada a todo instante, com isso já se pode imaginar o quão problemática pode ser a humildade para consigo mesmo.
“Eu acredito que…”;
“Com base no que entendo da situação acho que…”;
“Neste caso penso que isso deva ser feito de maneira…”.
Quanto mais humildade, mais frases deste tipo serão ditas. Honestidade traz incerteza, esta por sua vez permite que pessoas mal intencionadas e com boa expressão contaminem boas opiniões.
Este é o problema de como dizer algo e ao mesmo tempo ser franco consigo mesmo a respeito daquilo que se sabe sobre tal assunto…