(Escrito na data de postagem)
Linkedin, a rede social do trabalho. Bem, ao menos é o que parece ser…
Com o intuito de demonstrar de forma dinâmica as aptidões dos profissionais este rede ganhou demasiado espaço na década de 2010. Seus milhões de usuários movimentam diariamente conteúdos, tornando a rede social algo além de páginas estáticas de currículos e entrevistas.
Não há questionamento algum que a plataforma Linkedin é extremamente útil. Além de permitir que empresas entrem em contato com futuros colaboradores, a rede social é repleta de opções para explanar em grande alcance postagens de cunho empresarial e individual. Contudo o que ocorre além dos interesses de troca (trabalho por salário), há uma grande gama de indivíduos alimentando uma tremenda timeline.
Existem tantas redes sociais para satisfazer nosso entretenimento, que nem sequer nos deparamos quanto conteúdo inútil produzimos e reproduzimos. Como diz o ditado, o problema não é o que vira notícia, é aquilo que deixa de ser.
A revolta que alimentamos pelo conteúdo simplista e sensacionalista disposto na mídia deveria ser ao menos relevada aos próprios compartilhamentos, já que querendo ou não, todos são ouvidos e influenciam essa teia gigantesca.
Quantos conteúdos são produzidos e depois de algumas horas deixam de servir? Redes tantas como Facebook, Whatsapp, Instagram, Twitter, Snapchat e etc., tem massivamente seu conteúdo disposto em tolices ou mesmices para alimentar ego e prazer imediato, fazendo de seus usuários servos de seus algoritmos. Claro, eu sei, é possível usar estas redes sociais citadas acima para extrair conteúdo de qualidade e informações relevantes, contudo elas não foram feitas para isso e sempre irão pender seu conteúdo à hiper informação de baboseiras e vício eterno por rolagem, afinal de contas, quanto mais você rola, mais eles ganham.
Após esta introdução não fica dificil querer uma rede social que fuja de todo o ego e a baboseira em extrema quantidade, além disso, cria-se o desejo por uma rede social para aprimorar-se profissionalmente. Um tanto quanto empolgante esta explanação. Contudo o que você encontra ao entrar no Linkedin? Mais baboseira e ego…
Então, ao entrar no Linkedin, você verá: pessoas diariamente postando seus cursos de 2 horas de conteúdo, não por aprimoramento, mas para demonstrar resiliência e alimentar o ego. Noutro momento verá postagens com vídeos curtos e “diretos ao ponto” que deveriam estar nas redes sociais de baderna, não numa de profissionalismo. Após um pouco de estresse você se deparará com inúmeras mensagens de motivação e sermões disfarçados, que novamente, servem apenas para divulgar pessoas e empresas, e claro, novamente, satisfazer o ego de ideais medíocres.
Por fim, que Bauman tem a ver com isso?
Para quem ainda não conhece, este foi um sociólogo que escreveu diversas obras explorando a “Modernidade Líquida”, dito assim por ele próprio. Algo que ele chamou noutrora de Mal estar da Pós-modernidade.
Para entender melhor a modernidade líquida, talvez, seja mais fácil entender seu antônimo. O oposto dito por “Modernidade Sólida”. Com isso, segundo o portal do Mundo Educação:
“A modernidade sólida era caracterizada pela rigidez e solidificação das relações humanas, das relações sociais, da ciência e do pensamento. A busca pela verdade era um compromisso sério para os pensadores da modernidade sólida. As relações sociais e familiares eram rígidas e duradouras, e o que se queria era um cuidado com a tradição. Apesar dos aspectos negativos reconhecidos por Bauman da modernidade sólida, o aspecto positivo era a confiança na rigidez das instituições e na solidificação das relações humanas.”
Tínhamos então uma sociedade onde os valores tinham peso e mutabilidade lenta, com isso inúmeras ações derivavam maior certeza às pessoas, fazendo com que suas vidas fossem controladas de maneira mais planejada e as relações interpessoais fossem de maior esmero.
Bauman acredita que nossa contemporaneidade está abrigando uma “Modernidade Líquida”, definida assim pelo portal do Mundo Educação:
“A modernidade líquida é totalmente oposta à modernidade sólida e ficou evidente na década de 1960, mas a sua semente estava no início do capitalismo industrial, durante a Revolução Industrial. As relações econômicas ficaram sobrepostas às relações sociais e humanas, e isso abriu espaço para que cada vez mais houvesse uma fragilidade de laço entre pessoas e de pessoas com instituições. A lógica do consumo entrou no lugar da lógica da moral, assim, as pessoas passaram a ser fortemente analisadas não pelo que elas são, mas pelo que elas compram. A ideia de compra também adentrou nas relações sociais, e as pessoas passaram a comprar afeto e atenção.
As relações humanas ficaram extremamente abaladas com o surgimento da modernidade líquida. Bauman usa o termo “conexão” para nomear as relações na modernidade líquida no lugar de relacionamento, pois o que se passa a desejar a partir de então é algo que possa ser acumulado em maior número, mas com superficialidade suficiente para se desligar a qualquer momento. A amizade e os relacionamentos amorosos são substituídos por conexões, que, a qualquer momento, podem ser desfeitas.”
Este termo revela uma série de mudanças de comportamento social e influências tecnológicas que fizeram com que as pessoas deixassem seus valores serem abalados, fazendo com estas relações fossem se tornando descartáveis e usadas apenas para satisfazer o objeto em questão.
O Linkedin é um grande exemplo de como uma rede social pode ser estragada. O intuito de estabelecer troca de informações e crescimento por escambo de conhecimento, tornou-se a concatenação de atitudes egocêntricas e de conteúdo fraco. A maior parte das publicações do Linkedin consistem em pessoas se vangloriando, elogiando empresas, elogiando umas as outras e divulgando mensagens de efeito/motivacionais. Qual o percentual de artigos bem escritos com conteúdos inovadores de verdade? Aonde mora esta inovação que sempre é pregada, mas encontra-se quase nula em meio ao marketing tendencioso que sustenta inúmera babaquice? Não sei…
A questão aqui não é ser hater ou utilitarista ao extremo, contudo, o que há de tão interessante no Linkedin que o torna mais profissional que o Facebook? A resposta você quem faz, e se a fizer, siga.
Os textos citados neste artigo estão disponíveis neste link.