(Escrito na data de postagem)
Eu temo tanto a morte,
Deve ser porquê não sei viver.
A morte já habita nos meus dias,
Preciso mesmo é de mais vida
Para cessar o medo de morrer.
Quando eu digo morrer
Não digo meu corpo ou mente,
Mas morrer em existência,
De ver outros morrendo,
Também morrer a vontade
De em vida querer viver.
Não temo o dia final que irei,
Temo que o dia atual qual não vivi
Se torne morte comum no viver.
Temo deixar cair por terra
Quando ver quem amo fenecer,
Fenecer ou falecer, perecer.
Tristes termos desta língua,
Que não entende a dor de morrer.
Família, lembrança que não pude ter.
Ora ou outra fui feliz com ela,
Mas por falta dela criou-se
A tristeza que habita em meu ser.
Também pela ausente presença dela
Choro os traumas sem eu querer.
Amigos e amores são complexos,
De tantas cores e sabores
Parecem mais como favores,
Que se moldam à vontade
De algo em troca receber.
Dinheiro, conforto, egomania?
Reciprocidade ou idolatria?
Não há beleza nenhuma em morrer.
Deus, amigo, amor ou família
São aqueles que ficam, e ficam,
Até o último segundo suspender.
Para aturar morte alheia
Sei bem como prosseguir:
Morte só se cura com vida!
Então o ser que ficou
Precisa seguir e viver.
Tão simples e belo, dizer foi dito,
Cumprir com este fardo maldito
É meu desafio e de todo ser.
Aquilo que dizem ser esperança,
Chamo de insistência em viver.
A morte habita não somente o fim,
Mas em cada dissuasão bem concluída,
Cada tombo sem acolhida,
A cada animal que vi morrer,
A cada amigo que foi sem pedir,
A cada maldade sem preceder,
Morte não é fim, mas ausência,
Ausência de si no seu próprio ser.