(Escrito em: 1 de julho de 2023)
Esta vida é como sonhar…
Pesadelos traiçoeiros gritam,
Miscelânea obstinação, sensações,
Pintam porta-retratos de ilusões.
Visões e cismas guiam intuitos.
Dor qualquer pode ser superada?
Acreditar nisso tudo? Não muito,
Apenas prosseguir nessa estrada.
Momentos que escolhem pessoas,
Banham pitadas de desventura,
Alternando entre azar e sorte,
Até tal hora acordar para a morte.
O sopro da vida recai no tolo
Que dela não soube viver,
Também sobre o longevo
Que experimentou a totalidade.
Que custa viver sem maldade?
Que custa aceitar diferença?
Trago goles de ausente presença,
Degusto novamente a indiferença.
Esta morte tão presente em vida
Se dá naquilo que teimo aceitar,
Morte não é esquecer a dor,
É deixar ir o que se amou e ama.
Morro tanto em vida por não aceitar,
Que injustiça tremenda paire nisto,
Estamos aqui para sofrer e amar.
Porém, não posso me contentar
Em ser este pobre submisso,
Que esquece e deixar passar
Aquilo que ontem trouxe brilho.
Quero me distrair para não pensar
Em tudo aquilo que me atormenta.
Fugir de mim mesmo, ah sei lá,
A dor que minha cabeça alimenta.
Não vou esse enigma decifrar.
Não há consolo para realista.
Sofro com tudo que quis aceitar,
Mas não sofro por ser egoísta,
Mas não sofro por ser traidor,
Não sofro por falta de conhecimento,
Não sofro por achar-me incapaz.
Sofro pela ótica que está em mim,
Sofro pela melancolia descabida,
Sofro pela decadência em vida,
Em ver tudo crescer para se despedaçar,
Brevidade, leve consigo o pensamento,
Faça-me parar deste peso carregar,
Que adianta enxergar o abismo
Se dele não posso me livrar?
Cega-me, pois quero provar do novo,
Já cansei da consciência sustentar.
Quem carrega certeza é o tolo,
Como criança quero o dia encarar,
Em tenra preparação me disponho,
Pois cansei de tudo isso imaginar.
Mais vale o erro numa tentativa tosca,
Do que deixar de fazer, precipitar.
Quero embriagar-me de insensatez,
Para não mais, minha cabeça habitar.