(Escrito em: 29 de novembro de 2023)
Não conheço meus vizinhos, não sei os nomes deles. Também não sei o nome dos comerciantes da minha rua. Trabalho num quarto, por um computado, conheço algumas pessoas de lá, contudo elas são nada além de bits. Meus pais e irmãos estão em outros estados, falo pouco. Quem mais converso são meus gerbos, nunca me respondem.
Tanto faz terminar o dia vendo televisão ou usando entorpecentes, isso não vai mudar nada, ninguém vai saber ou reparar. Queria fugir, por ora até desejo anos de outrora, queria certo desejo, em ver brilho nas coisas, já não sinto tanto prazer. Sinto por vezes confuso, sem oriente, talvez não goste do mundo que vivo, já não aprecio tanto as coisas que amava, porém raramente consigo amar algo novo.
Na vida real não tem tantas reviravoltas ou encanto nas ações, tão fácil é cair em desespero, fazer besteira, se enterrar. Certas horas já nem ligo para acertos ou erros, só quero chegar ao fim do dia em minha reclusão. Essa qual odeio, xingo, reclamo, sofro por ter. Mas muitas vezes, só há conforto em correr à ela quando me sinto exposto.
Tantas vezes só me sinto bem embriagado, muitas vezes trazendo consequências negativas à minha vida, contudo apresentando uma nova realidade, que certas vezes sou feliz.
Outras vezes me sinto velho, ultrapassado, sinto que já repeti ações tantas vezes as quais cansei, sinto também que não deveria nem me desgastar com certas coisas, já nem importam.
Na verdade mesmo, eu já nem me importo se sou um grande guerreiro que conquistou o que queria ou se sou apenas um idiota cheio de certezas e dúvidas, eu realmente não me ligo com sua crítica, ela não influencia nada. Ainda assim, adoraria ouvir você, se você tem algo novo a contar, se tem algo que possa compartilhar sem compromisso.
Já passei por tantas mudanças, revoluções internas. Nem dou razão para certos julgamentos, também nem dou importância para errar ou ter que mudar algo que jurei ter certeza. Contudo, sinto-me perdido, às vezes queria ficar meses, talvez anos fora de tudo, longe dessa rotina maluca, nalgum lugar que me ofertasse exílio. Que eu tivesse algo totalmente diferente do que vivo, não melhor ou pior, só diferente, com outras sensações e sentimentos.
O dinheiro ou reconhecimento já não chamam tanta atenção, gosto da paz, gosto de ter somente o que preciso, e então, me desligar de tudo, viver apenas meu canto isolado, no meu cansaço. Que se foda a métrica ou a forma de enxergar. De que valem tantas perguntas ou respostas, se só temos plenitude quando há distração e contemplação?