Framboesa

(Escrito em: 2 de Julho de 2024)

Algumas pessoas escolhem não sentir.
Conheço a validade inexorável de tudo,
Mas finjo que as ameaças inexistem.
Sei como enfrentar, passar por elas,
Ainda assim, desfragmento-me em vão
Por consciente tragar cada emoção,
Seguindo a inaceitação desenfreada,
Pois covarde é aquele que reprime,
Ignora o luto, notando-se superior,
Escolhe o melhor do pior, o inevitável.

Algumas pessoas escolhem não sofrer.
Preferem a todo custo fugir do atrito,
Tornam-se a própria condescendência,
Tentando se encasular, fazer abrigo.
Não tenho prazer algum nesse afligir,
Tons de melancolia não estão por acaso,
Quem dera pudesse escapar deste laço,
Mas outrora escolhi ter cada sensação,
Amor, dúvida, culpa, medo e solidão.
Quão inumano seria frear um sorriso?
Tanto quanto a seco engolir impreciso
O fardo de tão facilmente se esquecer.
Sei que viver pode ser assim tortuoso,
Mas desconheço outra forma significar.