(Escrito na data de postagem)
Em meados de tempos, em migalhas de números,
Tão além de cinzeiros, por trás de fantoches,
Através do espelho ou em cima do muro,
Esperando um tiro, se escondendo no escuro.
Com sutileza nos passos prossegue a trilha,
Com frieza nos olhos armando a guilhotina.
Parou por meio instante para rever o fato,
Dúvida ou sombra permeara o doce embalar.
O remorso já existe muito antes do crime,
Entretanto não há retorno em sua psique,
Desfazer o nó já não é algo a considerar…
“Vingança tola, desejo impuro”, pensa-lhe.
Linha tênue sobre o risco e a vontade,
Mas isso não diz respeito a moralidade,
Se refere à necessidade de por um fim,
Ao desejo de reencontrar-se noutra era,
Quando os gritos e sussurros atormentavam,
Disfarçados por sua caixinha de música.
Fechos de luzes se mostram na rotina,
Com olhos vendados ou por baixo dos lençóis
Não há como se esconder do eterno retorno,
Não tem como mirar em outra realidade
Se fora amaldiçoado nesta escuridão.
Por um fim a tudo devido ao imenso vazio?
Não! Quem dera fosse o vazio que rodeasse,
As alucinações incessantes que consomem
Enquanto Deus se alimenta da pobre alma.
Vitalidade e iniciativa se desviam e esvaem.
A melodia da caixa cessara por um momento,
Os sussurros transformaram-se em repúdio
E os gritos se fizeram entalhos em pele.
Devaneio que efetiva queimar o estopim,
Por fim o equilíbrio é rompido de pronto,
A corda é puxada para impor o final
E o último ato se instaura em melancolia.
Seu inconsciente sepulta seu reflexo,
Abadom toma a si o resquício que faltava,
Nunca a dor irá retornar novamente…
Rege-se o prólogo em tons de acalanto.