Neon

(Escrito em 24 de Abril de 2024)

Minha cabeça, sempre um balaio de gato. Prolixo sempre ao falar, tento me expressar sucinto, por isso muitas vezes falo mais do que sinto. Gosto muito mais de crônica do que poesia, mas prefiro escrever poemas, crônicas podem ser bem mais fáceis, por sua leveza, permitem extensão, detalhes.
Na poesia já é ao contrario, sou denso, poucas palavras, parece que a verborragia se concentra apenas em condensar, talvez para se esconder? Talvez… Quem sabe, para colocar em poucas palavras o mundo de tormenta que transpassa em minha psique, decodificar ou ser breve, características que poucas estrofes me deixam entregar.
Quando saio com alguém que goste de viajar em intuições e interpretações, gosto de falar de tudo, adentrar áreas pouco exploradas, mesmo que tenha que contar aquilo em vários pontos de vista, consigo energia ao me pontuar. Desisti de perder tempo com pessoas bestas, aqueles que só querem atacar ou falsear algo por frases prontas, ainda que eu adore pisotear esses insetos, desgasto-me demais com isso, então parei, direcionar sua vontade de potência para algo mais vívido é melhor.
Outra coisa que me impressiono é como minha facilidade de interagir com diferente grupos, navegar com diferentes tipos de pessoas, etnias, culturas, crenças, maluquices, ainda assim, em grande parte do tempo, estou sozinho. Facilidade de comunicação não significa ter muitos amigos, ser aparentemente muito extrovertido é parte da estratégia, no fundo estou ofendendo boa parte das pessoas nos confins do meu pensamento. Coleciono amizades fortes, poucas, que muitas vezes se perdem para nunca mais, não me convenço mais com coleguismo, respeito bastante a cordialidade, mas todos sabem que de pouco ou quase nada ela serve.
Por fim, vivo de forma intensa demais as coisas, aprendi com os anos a me controlar, mas gosto dos picos de adrenalina, de vida, de intensa alegria, contudo o preço por isso é seu antônimo, são as dores por uma existência duvidosa, por não compreender o fim, a morte… Frustro-me por não conseguir agir muitas vezes, não por falta de vontade, mas por posições que abrigam-me a ser coadjuvante de ações que me afetam tanto. Sempre fui treinado a ser um soldado, não cometendo erros, com isso o deixar de agir me abala demais, a omissão e a falta de ação travestidas em covardia, inaceitável. Choro muita vezes pelo desespero, pela incompreensão, pela solidão existencial que como um fungo, sempre volta a atormentar.
Gosto da melancolia, do sarcasmo, da provocação, gosto da explosão em superação, prefiro a intensidade junto da inconsistência do que o pseudo-equilíbrio de cultivadores de vidas perfeitas.
Gostaria de escrever fábulas e dar respostas concretas de moralidade e ensinamento, mas meus pensamentos são como o inconsciente, conflitantes, mutantes, perigosos, portanto, melhor deixar o direto da dúvida, da reflexão, do pensar. A único valor que importa não consiste no bem ou mal, tudo que construímos e tentamos intrinsecamente classificar, não passa de álibis de autoconsciência, prefiro reconfigurar essa dualidade e genealogia da moral.